domingo, 30 de dezembro de 2012

9 respostas sobre alfabetização


Por onde começar? Quando meus alunos precisam estar alfabetizados? Pode-se alfabetizar na Educação Infantil? Tire estas e outras dúvidas sobre alfabetização

Educar








Inserir todas as crianças de seis anos em um ambiente alfabetizador foi um dos principais objetivos da aprovação do Ensino Fundamental de 9 anos, em fevereiro de 2006. A medida beneficiou crianças que não tinham acesso à Educação Infantil, ficando, muitas vezes, completamente distantes da cultura escrita - o que poderia representar um obstáculo para a sua experiência futura de alfabetização.

Apesar de a medida ser um passo importante, Telma Weisz, criadora do Programa de Formação de Professores Alfabetizadores (Profa), do Ministério da Educação, acredita que ainda há muito a aprimorar na questão da alfabetização, sobretudo porque a tarefa não é apenas dos professores das séries iniciais. "Estamos sempre nos alfabetizando, a cada novo tipo de texto com o qual entramos em contato durante a vida", afirma.

Por essa razão, tratar leitura e escrita como conteúdo central em todos os estágios é a maior garantia de sucesso que as escolas podem ter para inserir os estudantes na sociedade. É o que fazem muitas professoras de 1ª a 4ª série de Catas Altas (MG), capacitadas pelo Programa Escola que Vale. Mesmo recebendo crianças que não nunca tiveram contato com o chamado mundo letrado antes da 1ª série, os educadores conseguem alfabetizar ao final de um ano.

"Um fator determinante para a alfabetização é a crença do professor de que o aluno pode aprender, independentemente de sua condição social", diz Antônio Augusto Gomes Batista, diretor do Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita da Universidade Federal de Minas Gerais. Esse olhar do docente abre as portas do mundo da escrita para os que vêm de ambientes que não ofereceram essa bagagem.

No município de São José dos Campos (SP), professores de Educação Infantil tentam evitar essa defasagem, lendo diariamente para os pequenos. Assim, por meio de brincadeiras, criam situações das quais a língua escrita faz parte. Já em Taboão da Serra, na Grande São Paulo, duas especialistas de Língua Portuguesa e Ciências tiveram de correr atrás do prejuízo com turmas de 5ª série que ainda apresentavam problemas de escrita. Para isso, aliaram muita leitura a um trabalho sobre prevenção à aids, que fazia sentido para eles e tinha uma função social.

Com base nessas experiências, relatadas a seguir, e na opinião de especialistas, respondemos a nove questões sobre alfabetização, mostrando ser possível formar leitores e escritores competentes em qualquer estágio do desenvolvimento. 
Para ler, clique nos itens abaixo:
1- Meus alunos de 1ª série não têm contato com a escrita. Por onde começo?
O pouco acesso à cultura escrita se deve às condições sociais e econômicas em que vive grande parte da população. O aluno que vê diariamente os pais folheando revistas, assinando cheques, lendo correspondências e utilizando a internet tem muito mais facilidade de aprender a língua escrita do que outro cujos pais são analfabetos ou têm pouca escolaridade. Isso ocorre porque ao observar os adultos a criança percebe que a escrita é feita com letras e incorpora alguns comportamentos como folhear livros, pegar na caneta para brincar de escrever ou mesmo contar uma história ao virar as páginas de um gibi. Cabe à escola oferecer essas práticas sociais aos estudantes que não têm acesso a elas. O ponto de partida para democratizar o contato com a cultura escrita é tornar o ambiente alfabetizador: a sala deve ter livros, cartazes com listas, nomes e textos elaborados pelos alunos (ditados ao professor) nas paredes e recortes de jornais e revistas do interesse da garotada ao alcance de todos. Esses são alguns exemplos de como a classe pode se tornar um espaço provocador para que a criança encontre no sistema de escrita um desafio e uma diversão. Outra medida para democratizar esses conhecimentos em sala de aula é ler diariamente para a turma. "A criança lê pelos olhos do professor - porque ainda não pode fazer isso sozinha -, mas vai se familiarizando com a linguagem escrita", explica a educadora Patrícia Diaz, da equipe pedagógica do Centro de Educação e Documentação para Ação Comunitária (Cedac), em São Paulo.
2- Quando posso pedir que as crianças escrevam?
Elas devem escrever sempre, mesmo quando a escrita parece apenas rabiscos. Ao pegar o lápis e imitar os adultos, elas criam um "comportamento escritor". E, ao ter contato com textos e conhecer a estrutura deles, podem começar a elaborar os seus. No primeiro momento, as crianças ditam e você, professor, escreve num papel grande. Além de pensar na forma do texto, nessa hora os estudantes percebem, por exemplo, que escrevemos da esquerda para a direita. "Mostro que a escrita requer um tempo de reflexão antes de ser colocada no papel", afirma Cleonice Maria Rodrigues Magalhães, professora de 1ª série da Escola Municipal Agnes Pereira Machado, em Catas Altas (MG). Ela participou do Programa Escola que Vale, que capacitou professores de 1ª a 4ª série do município durante dois anos e meio. Antes da escrita, as crianças devem definir quem será o leitor. Assim, quando você lê o texto coletivo, elas imaginam se ele compreenderá a mensagem. Nas primeiras produções haverá palavras repetidas, como "daí". Pelo contato diário com textos, os alunos já são capazes de revisar e corrigir erros. "Com o tempo, antes mesmo de ditar, eles evitam repetir palavras e pensam na melhor forma de contar a história", afirma Rosana Scarpel da Silva, professora do Infantil IV (6 anos), da Escola Municipal de Educação Infantil Maria Alice Pasquarelli, em São José dos Campos. Em paralelo, é importante convidar a garotada a escrever no papel. Isso dá pistas valiosas sobre seu desenvolvimento.
3- Como faço todos avançarem se os níveis de conhecimento são muito diferentes?
Não há nada melhor em uma turma que a heterogeneidade. Como os níveis de conhecimento são variados, existe aí uma grande riqueza para ser trabalhada em sala. Organizar os alunos em grupos e duplas durante as atividades é fundamental para que eles troquem conhecimentos. Mas essa mistura deve ser feita com critérios. É preciso agrupar crianças que estejam em fases de alfabetização próximas. Quando você coloca uma que usa muitas letras para escrever cada palavra trabalhando com outra que usa uma letra para cada sílaba, a discussão pode ser produtiva. Como elas não sabem quem está com a razão, ambas terão de ouvir o colega, pensar a respeito, reelaborar seu pensamento e argumentar. Assim, as duas aprendem. Isso não ocorre, no entanto, se os dois estiverem em níveis muito diferentes. Nesse caso, é provável que o mais adiantado perca a paciência e queira fazer o serviço pelo outro.
4- Posso alfabetizar minha turma de Educação Infantil?
Sim, desde que a aprendizagem não seja uma tortura. Participar de aulas que despertem a curiosidade e envolvam brincadeiras e desafios nunca será algo cansativo. Em turmas que têm acesso à cultura escrita, a alfabetização ocorre mais facilmente. Por observar os adultos, ouvir historinhas contadas pelos pais e brincar de ler e escrever, algumas crianças chegam à Educação Infantil em fases avançadas. Por isso, oferecer acesso ao mundo escrito desde cedo é uma forma de amenizar as diferenças sociais e econômicas que abrem um abismo entre a qualidade da escolarização de crianças ricas e pobres. Dentro dessa concepção, a rede municipal de São José dos Campos implementou horas de trabalho coletivo para a formação continuada dos professores. Há um coordenador pedagógico por escola e uma equipe técnica responsável pelo acompanhamento dos coordenadores. As crianças de 3 a 6 anos atendidas pela rede aprendem, brincando, a usar socialmente a escrita. Em sala, os professores lêem diariamente e promovem brincadeiras. Os pequenos identificam com seu nome pastas e materiais, usam crachás, produzem textos coletivos que ficam expostos nas paredes e têm sempre à mão livros e brinquedos. "Nossas atividades incentivam a pensar sobre a escrita, tornando-a um objeto curioso a ser explorado. E tudo de forma dinâmica, porque a dispersão é rápida", conta Clarice Medeiros, professora do Infantil III (5 anos) da escola Maria Alice Pasquarelli. "No ano passado, quando recebi os alunos de 3 anos, eles já sabiam diversos poemas e conheciam Vinicius de Moraes. Também identificavam as diferenças entre alguns gêneros textuais", lembra Liliane Donata Pereira Rothenberger, professora do Infantil II (4 anos). De acordo com a orientadora pedagógica Helena Cristina Cruz Ruiz, o objetivo é desenvolver o comportamento leitor desde cedo para que os alunos se comuniquem bem, produzam conhecimentos e acessem informações.
5- Faz sentido oferecer textos a estudantes não-alfabetizados?
Canções, poesias e parlendas são úteis para se chegar à incrível mágica de fazer a criança ler sem saber ler. Quando ela decora uma cantiga, pode acompanhar com o dedinho as letras que formam as estrofes. Conhecendo o que está escrito, resta descobrir como isso foi feito. Se o aluno sabe que o título é Atirei o Pau no Gato, ele tenta ler e verificar o que está escrito com base no que sabe sobre as letras e as palavras - sempre acompanhado pelo professor. O leitor eficiente só inicia a leitura depois de observar o texto, sua forma, seu portador (revista, jornal, livro etc.) e as figuras que o acompanham e imaginar o tema. Pense que você nunca viu um jornal em alemão. Mesmo sem saber decifrar as palavras, é possível "ler". Se há uma foto de dois carros batidos, por exemplo, deduz-se que a reportagem é sobre um acidente. Ao mostrar vários gêneros, você permite à criança conhecer os aspectos de cada um e as pistas que trazem sobre o conteúdo. Assim, ela é capaz de antecipar o que virá no texto, contribuindo para a qualidade da leitura.
6- Como seleciono e uso os textos em sala?
Segundo Patrícia Diaz, do Cedac, é preciso ter critérios e objetivos bem estabelecidos ao escolher os textos. Por exemplo: se ao tentar diversificar os gêneros você ler um por dia, os alunos não perceberão as características de cada um. "O ideal é que a turma passeie por diversos gêneros ao longo do ano, mas que o professor trace um plano de trabalho para se aprofundar em um ou dois", afirma. Patrícia sugere a narração como base para o trabalho na alfabetização inicial, pois ela permite ao aluno aprender sobre a estrutura da linguagem e do encadeamento de idéias. A escolha dos textos deve ser feita de acordo com o repertório da turma. É preciso verificar se a maioria dos alunos passou ou não pela Educação Infantil, que experiência eles têm com a escrita e que gêneros conhecem. Durante a leitura de uma revista, por exemplo, é importante chamar a atenção para títulos, legendas e fotos. Assim, as crianças aprendem sobre a forma e o conteúdo. Se o texto é sobre plantas, percebem que nomes científicos aparecem em itálico. "Por isso é fundamental trabalhar com os originais ou fotocópias", ressalta Patrícia. Adaptar os textos também não é recomendável. As crianças devem ter contato com obras originais, uma vez que, ao longo da vida, serão elas que cruzarão o seu caminho. Se um texto é muito difícil para turmas de uma certa faixa etária, o melhor é procurar outro, sobre o mesmo assunto, de compreensão mais fácil.
7- Ao fim da 1ª série, todos devem estar alfabetizados?
Não necessariamente, apesar de ser recomendável. Se a criança foi exposta a textos e leituras variadas e teve oportunidade de refletir sobre a língua e produzir textos, é bem provável que ela termine essa série alfabetizada. Mas isso depende de outros fatores, como ter cursado a Educação Infantil e recebido apoio dos pais em casa. "Crianças que não têm esse contato com textos e que não convivem com leitores podem precisar de mais tempo para aprender o sistema de escrita. Mas minha experiência mostra que nenhuma criança leva mais de dois anos para isso", diz a educadora Telma Weisz, de São Paulo. Como na educação não existem fôrmas em que se encaixem as crianças, é papel da escola oferecer condições para que elas se desenvolvam, sempre respeitando o ritmo de cada uma. Quando se adota o sistema de ciclos, isso ocorre naturalmente, pois os alunos têm possibilidade de se aperfeiçoar no ano seguinte. Quando não há essa chance, eles correm o risco de engrossar os índices de reprovação. O aluno pode iniciar a 2ª série ainda tendo que melhorar a sua compreensão sobre o sistema de escrita, mas ao fim do segundo ano a escola teve tempo suficiente para ensinar a todos.
8- Preciso ensinar o nome das letras?
Sim. Como a criança poderá falar sobre o que está estudando sem saber o nome das letras? Ter esse conhecimento ajuda a turma a explicar qual letra deve iniciar uma palavra, por exemplo. Para ensinar isso, basta citar o nome das letras durante conversas corriqueiras. Se a criança está mostrando a que quer usar e não sabe o nome, basta que você a aponte e diga qual é. Trata-se de algo que se aprende naturalmente e de forma rápida, sem precisar de atividades de decoreba que cansam e desperdiçam o seu tempo e o do aluno.
9- Como ajudo alunos de 5ª série que ainda não lêem nem escrevem bem?
É angustiante para o professor receber crianças com problemas de alfabetização. Por não conhecer o assunto, acredita que a escrita incorreta é indício de que elas não se alfabetizaram. Mas nem sempre essa avaliação é verdadeira. O mais comum é a criança já dominar a base alfabética, mas ter sérios problemas de ortografia e interpretação. Daí a impressão de que ela não sabe ler e escrever. Foi essa experiência por que passaram as professoras Valéria de Araújo Pereira, de Língua Portuguesa, e Jaidê Canuto de Sousa, de Ciências, ambas da Escola Estadual Maria Catharina Comino, em Taboão da Serra (SP). Em 2005, elas lecionavam para uma turma de 5ª série de recuperação de ciclos com muitos problemas de escrita, o que as motivou a procurar a Diretoria de Ensino para participar do programa Letra e Vida, oferecido pela rede paulista a professores de 1ª a 4ª série. "Fiquei surpresa com a insistência das duas. Como havia vagas, abrimos uma exceção e valeu a pena", diz Silvia Batista de Freitas, coordenadora-geral do programa na Diretoria de Ensino da cidade. O curso iniciou em março. No segundo semestre, a turma de alunos foi distribuída nas salas regulares. Com o objetivo de trabalhar a escrita, Valéria e Jaidê elaboraram um projeto sobre aids. Os alunos assistiram a vídeos, debateram e levantaram o que sabiam e o que gostariam de saber sobre o assunto. As leituras foram sistemáticas e diárias, com pesquisas em livros, revistas, enciclopédias, internet e panfletos informativos - gênero escolhido para ser o produto final do projeto. "Leitura e escrita não são apenas conteúdos de Língua Portuguesa. São práticas necessárias em todas as disciplinas e em todas as séries", diz Jaidê. "Por isso, temos a responsabilidade de conhecer o modo como os alunos aprendem e assim estimulá-los a ser leitores e escritores mais competentes", conclui Valéria.
FONTE: http://educarparacrescer.abril.com.br

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Bonecas Karajás

Lembra daquela aula sobre o Dia do índio onde coloquei aqui a importância de desmistificar a figura do índio como um indivíduo que vive na mata, fala engraçado e anda pelado.
Já encontrei uma abordagem muito legal para esta data em 2013.

Aldeia Buridina - GO recebe título de Patrimônio Cultural para Ritxoko – Boneca Karajá
 
17/12/2012
Bonecas Karajas
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan entrega o certificado de Patrimônio Cultural do Brasil concedido àRitxoko – Boneca Karajá para comunidade da Aldeia Buridina, em Aruanã/GO
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em Goiás (IPHAN-GO) fará a entrega do certificado de Patrimônio Cultural Brasileiiro à Ritxoko – Boneca Karajá. A cerimônia será na próxima terça-feira, dia 18 de dezembro, às 10h, no centro de convivência da Aldeia Buridina, em Aruanã – GO, com um típico almoço Karajá, e também fará parte das comemorações do aniversário da cidade.
O pedido de Registro foi solicitado pelos Karajá com apoio de várias instituições, e foi aprovado pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural em janeiro de 2012. O projeto Bonecas Karajá: Arte, Memória e Identidade Indígena no Araguaia, coordenado pelo IPHAN-GO, foi conduzido por uma equipe do Museu Antropológico da Universidade Federal de Goiás (MA-UFG), composta por pesquisadores especializados na temática Karajá. A pesquisa foi realizada com a comunidade das aldeias Buridina Mahãdu e Bdé-Buré, em Aruanã (GO), e da aldeia de Santa Isabel do Morro, ou Hawalò Mahãdu, na Ilha do Bananal (TO).
Em quase dois anos de pesquisa, foram identificadas as matérias primas, técnicas e etapas de confecção, além dos mitos e histórias narradas pelos Karajá que expressam a rica relação entre seu povo e o rio, a fauna e a flora local, as relações sociais e familiares e a organização social. Toda essa riqueza e complexidade cultural podem ser identificadas nas cenas esculpidas em barro e ornadas com precisos traços em preto e vermelho das bonecas.
As bonecas karajá
A etnia Karajá ocupa uma vasta região ao longo dos rios Araguaia e Javaé e detém áreas nos territórios dos Estados de Goiás, Mato Grosso, Tocantins e Pará. Atualmente existem 21 aldeias Karajá com uma população estimada em 2,9 mil pessoas. As diferentes manifestações culturais desse povo constituem um importante suporte à memória e à identidade não só da nação indígena, como também referenciam o contato com os não-índios. O grafismo, o artesanato e a arte plumária karajá são algumas referências culturais que transcendem o espaço das aldeias e apresentam-se como identificação do território e da cultura regional.
Entre as inúmeras expressões culturais materiais da etnia Karajá, as Ritxoko, além de obra artística primorosa originada das mãos leves das ceramistas, constituem uma referência significativa do grupo. Confeccionadas em cerâmica, pintadas com uma grande diversidade de grafismos e representando tanto as formas humanas como as da fauna regional, são artefatos que singularizam o povo Karajá diante dos demais grupos indígenas brasileiros e sul-americanos.
Enquanto brincam com as Ritxoko ou observam a sua feitura, as meninas Karajá recebem importantes ensinamentos sobre a sua cultura e aprendem também as técnicas e saberes associados à sua confecção e usos. Por representarem cenas do cotidiano e dos ciclos rituais, elas portam e articulam sistemas de significação da cultura Karajá e, dessa forma, são também lócus de produção e comunicação dos seus valores, além de importantes instrumentos de socialização das crianças que, brincando, se vêem nesses objetos e aprendem a ser Karajá.

As Ritxoko integram o acervo de vários museus no país, são procuradas como objetos de decoração e comercializadas junto a turistas e lojas de artesanato locais, regionais e nacionais, convertendo-se em fontes importantes de sobrevivência econômica deste grupo indígena. Entretanto, devem ser compreendidas além da sua expressão puramente material, visto que, desde a sua confecção, elas desempenham um papel importante na reprodução cultural do povo Karajá.

Veja o convite [aqui]
Mais informações:
IPHAN-GO
beatriz.santana@iphan.gov.br (Coordenação Técnica)
(62) 3224-6402/3224-1310 – Fax: (62) 3224-6527
Assessoria de Comunicação IPHAN 
comunicacao@iphan.gov.br
Adélia Soares – adelia.soares@iphan.gov.br
(61) 2024-5527 / 2024-5525
www.iphan.gov.br 
www.facebook.com/IphanGovBr | www.twitter.com/IphanGovBr
Fonte: Ascom - IPHAN/GO


quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Socorro!!! Relatórios!!!

Sabemos da importância do relatório individual no processo de avaliação, mas por vezes, nos deparamos com mil dilemas, relacionados ao como fazer, que termos utilizar, o que abordar.
Este artigo da Revista Guia Prático - Educação Infantil é muito válido para nos auxiliar nesta tarefa.

AVALIAÇÃO

Atenção nos baixinhos


Saiba avaliar seus alunos e produzir bons relatórios


Por Mariana de Viveiros

Objetivos:
 Orientar o professor na produção de relatórios que avaliam os alunos

 Sanar dúvidas sobre o processo de avaliação na Educação Infantil


Avaliar crianças da Educação Infantil é uma das tarefas mais importantes e desafiadoras do trabalho docente, pois, como estão em fase de desenvolvimento, as dificuldades, os erros e os avanços não podem ser apontados de maneira superficial. Sem contar o interesse dos pais, preocupados em acompanhar os filhos no início de sua vida escolar. E foi para melhor avaliar os pequenos que as escolas criaram os relatórios, que contam em detalhes como se deu o desenvolvimento e a aprendizagem do aluno durante determinado período, que pode ser um bimestre ou semestre. Esses relatórios podem ser batizados com nomes diversos: análise descritiva, relatório descritivo, registro de desenvolvimento do aluno, entre outros, dependendo de onde ele é feito. A forma de observar os alunos e fazer os registros também pode variar. Mas a opinião dos educadores sobre os resultados desse tipo de avaliação parece ser unânime: é eficiente! "O relatório é uma boa forma de acompanhar o desenvolvimento de cada aluno e de os pais perceberem que a escola está atenta ao filho dele", diz Cláudia Cafarella, coordenadora geral do Centro Educacional Objetivo Baixada Santista, onde o relatório descritivo é aplicado até o 5º ano do Ensino Fundamental I. Mas esse tipo de relatório é muito mais do que uma forma de avaliação, é um instrumento reflexivo, como define Cristina Aparecida Colasanto*, pedagoga e professora da rede municipal de São Paulo. "Esse instrumento funciona como elemento a favor de quem aprende e de quem ensina e é um elo comunicativo entre a escola e a família". Leia mais a seguir.
Está nos Referenciais
De acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCN) "a observação das formas de expressão das crianças, de suas capacidades de concentração e envolvimento nas atividades, de satisfação com sua própria produção e com suas pequenas conquistas é um instrumento de acompanhamento do trabalho que poderá ajudar na avaliação e no replanejamento da ação educativa. No que se refere à avaliação formativa, deve-se ter em conta que não se trata de avaliar a criança, mas sim as situações de aprendizagem que foram oferecidas".


Observação e registro
O sucesso de um relatório depende da observação e do registro feitos pelo professor diariamente em sala, no parque e em passeios. Mas não é fácil fazer anotações a respeito de cada aluno, quando se tem uma sala com cerca de 20 crianças. Para isso é preciso criar estratégias, como dividir a turma em grupos de quatro ou cinco crianças e a cada dia fazer registros de um grupo. Ao final da semana, você terá anotações sobre todos. Porém, se uma criança que não está no grupo que você vai registrar naquele dia fizer algo que mereça registro, não deixe de fazê-lo. "O professor deve estar atento e em constante contato com as crianças", alerta Silvia Vinocur Kocinas, coordenadora da Educação Infantil do Colégio I.L. Peretz, em São Paulo.
O que observar
O professor deve fazer uma observação crítica do desenvolvimento psicomotor, cognitivo, afetivo e social de cada aluno. Alguns quesitos são básicos:
 Como a criança interage com os colegas e com o professor
 Os conhecimentos que adquiriu
 As dificuldades e as habilidades
 Como participa das atividades

Como registrar
Ter um caderno sempre em mãos é essencial.
 Divida o caderno por aluno, reservando algumas páginas para cada um.
 Durante as atividades, sempre que observar algo interessante anote no caderno. Pode ser apenas uma palavra-chave, por exemplo, "contou até dez". - Ao final da aula, redija as informações com mais detalhes. Anote a data.

Periodicidade
Em algumas escolas, como no I.L. Peretz, o relatório é semestral. Em outras, como no Objetivo, é bimestral. Claudia Cafarella explica que no Objetivo os bimestres são chamados de períodos didáticos e que no primeiro período ainda não é possível avaliar cada criança individualmente, por isso o relatório analisa a sociabilização e a adaptação da classe como um todo. Somente a partir do segundo período, a avaliação passa a ser individual. Os relatórios são entregues nas reuniões de pais.
Linguagem
O primeiro passo para a redação de um bom relatório é conhecer o interlocutor, no caso os pais. Não use termos pedagógicos que dificultem o entendimento das informações.
 Seja claro e objetivo. O relatório não precisa ser longo, desde que contenha todas as informações relevantes para os pais.
 Escolha bem as palavras. Em vez de dizer que "João é egoísta", diga "ainda não consegue compartilhar os brinquedos". Troque a palavra dificuldade por "necessita de auxílio para", e em vez de "Fulano sente-se de tal forma", diga "Fulano se mostra de tal forma".
★ Não classifique e não rotule a criança.
★ Evite idéias vagas. Por exemplo, em vez de dizer apenas "Maria é sociável", descreva com detalhes "Maria é sociável porque no dia tal cedeu o seu balanço ao colega".
★ Tome cuidado com erros de português e utilize a nova ortografia.
Descrição ou argumentação?
Os relatórios costumam ser descritivos, como seu próprio nome diz, contudo Cristina Colasanto, que é mestre em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) incentiva o uso do gênero argumentativo, considerando a teoria do professor da Universidade de Genebra Jean Paul Bronckart, que divide o texto argumentativo em premissa, argumento, contraargumento e finalização. Esse foi o tema de sua tese de mestrado Relatório de avaliação na Educação Infantil: um estudo sobre a linguagem argumentativa. "Na linguagem do relatório de avaliação utilizamos recursos linguísticos com a função de persuadir nossos destinatários e convencê-los do processo de aprendizagem em andamento", conclui.

Para o sucesso do relatório
★ Importante! O relatório deve conter tanto as dificuldades dos alunos quanto seus avanços, além, claro, das intervenções do professor.
★ Ao redigir o relatório, tenha o anterior em mãos para saber quais foram os avanços obtidos e as dificuldades que permaneceram.
★ Antes de ser entregue aos pais, o relatório deve passar pela coordenação da escola, que fará sugestões.
★ Permita que professores auxiliares e estagiários leiam o relatório, pois eles podem se lembrar de alguma informação importante que ficou de fora.
 Anexe fotos ou fita de vídeo com atividades realizadas na escola e/ou o portfólio do aluno, com suas produções artísticas.
 Cristina Colasanto destaca a importância de dar voz às crianças para que a avaliação não seja unilateral. "Alunos de 4 e 5 anos já conseguem avaliar as atividades e dizer do que mais gostaram, do que menos gostaram e o que mudariam", diz a pedagoga.
★ Junto com o relatório, envie uma ficha na qual os pais podem fazer comentários e enviá-los de volta para o professor.

Relatório e portfólio de mãos dadas
Além dos relatórios, as escolas costumam preparar portfólios com fotos, atividades artísticas e anotações de frases ditas pela criança em diferentes ocasiões, como forma de mostrar à família o que ela tem produzido.
Diferentemente do relatório, que é um documento formal (seja ele escrito à mão ou digitado), os portfólios são coloridos e criativos, entregues, geralmente, em pastas decoradas.

Incentivo!
Se sentir dificuldades em escrever lembre-se que a melhor forma de aprimorar a escrita é escrevendo. Portanto, pegue caneta e papel (ou o computador, se preferir) e mãos à obra.

*Cristina Aparecida Colasanto é autora do livro Relatório de Avaliação na Educação Infantil (Editora All Print).

Fonte: http://revistaguiainfantil.uol.com.br