segunda-feira, 8 de abril de 2013

PALAVRA CANTADA NO RECIFE!!!


Ingressos para o show do Palavra Cantada já estão à vendaPerformance faz parte do Festival Conte Outra Vez 2 e será realizada no dia 21 de abril, no Baile Perfumado




Sandra Peres e Paulo Tatit vão recordar sucessos do universo infantil, como Sopa e Pé com pé. Foto: Erica Bento/Divulgação.
Sandra Peres e Paulo Tatit vão recordar sucessos do universo infantil, como Sopa e Pé com pé. Foto: Erica Bento/Divulgação.
Com seu show mais recente, Brincadeiras musicais, o Palavra Cantada volta ao Recife na abertura do festival Conte Outra Vez 2, fazendo a alegria dos pais e das crianças que acompanham a carreira do grupo. Liderado pela dupla Paulo Tatit e Sandra Peres, o Palavra Cantada é responsável por sucessos comoPé com péSopa (aquela que começa perguntando: "O que é que tem na sopa do nenén? Será que tem feijão, será que tem macarrão?"), além de dar nova roupagem a cantigas de roda e canções de ninar. A apresentação está marcada para o dia 21 de abril, às 17h, no Baile Perfumado (no Prado), com entrada R$ 50 (inteira) e R$25 (meia-entrada). Os ingressos estão à venda nas lojas Ovo (dos Shoppings Recife, Rio Mar e Plaza).

Após o sucesso de sua primeira edição, o Conte Outra Vez retorna em abril trazendo novos contadores de histórias e novas fábulas para encantar crianças e adultos no Recife. Com uma programação que acontece em diversos espaços como o Baile Perfumado, Teatro do IMIP, Auditório da Fafire, Espaço Pasárgada e Livraria Jaqueira, o festival dura uma semana, começando no domingo (21) e terminando no sábado (27).

Com realização do grupo O Tapete Voador e incentivo do Funcultura, Governo de Pernambuco, o Conte Outra Vez é um evento de caráter inédito no estado, sendo voltado exclusivamente à contação de histórias, utilizando técnicas vocais, visuais e musicais para, sobretudo atrair a atenção do exigente público infantil. Fábulas, contos de fada e novas lendas estão no repertório dos contadores convidados, que se inspiram na milenar tradição oral do Oriente para transmitir histórias com um toque de mágica.

Informações: (81) 3093-1038 ou otapetevoador.com.br.

Programação do Festival Conte Outra Vez 2
21 a 27 de abril de 2013

21/04 - Palavra Cantada   17h

Onde: Baile Perfumado

Quanto: R$ 50 e R$ 25 nas lojas OVO (Shopping Recife, Rio Mar e Plaza)

22/04 - Manhãs de contos no IMIP -  8h

Onde: Teatro do IMIP

Entrada franca

23/04 - Manhãs de contos no IMIP - 8h

Onde: Teatro do IMIP

Entrada franca

24/04 -  Contos e apresentações no IMIP   8h

Onde: Teatro do IMIP

Entrada franca

8h -  Abertura com O Tapete Voador (PE)

8h10 - As Joias de Krishna (Ópera na Mala, SP)

9h - Intervalo poético (Adelia, PE)

9h15 - O Grifo (Ana Luísa Lacombe, SP)

10h -  Show musical com As Fadas Magrinhas (PE)

13h - O Tapete Voador (PE)

13h15 - Dom Quixote (Kelly Orasi, SP)

14h -  Intervalo Poético (Adelia, PE)

14h15 - Parlendas e travalínguas (Artrelando, PE)

15h - Peppa e a Vaca (Carol Levy, PE)

25/04 - Palestras - 9h

Onde: Auditório da FAFIRE

Entrada: doação de um livro infantil em bom estado

9h - Momento poético (Zumbaiar, PE)

9h10 - Palestra: A arte de contar histórias (Ana Luísa Lacombe, SP)

11h10 - Momento poético e Literário (Zumbaiar, PE)

14h - Momento poético  (Zumbaiar, PE)

14h10 - Mesa redonda: Literatura: travessia para o encantamento (Marcio Vassallo, RJ,  Kelly Orasi, SP, Anna Carolina Farias, PE)

16h10 -  Encerramento das palestras (Zumbaiar, PE)

26/04 - Woskshops -  8h

Onde: Espaço Pasárgada

Entrada: doação de um livro de Manoel Bandeira (inscrições no site)

8h - 12h - Contando Histórias com Objetos (Kelly Orasi, SP)

14h - 17h - Cenas Cotidianas: da imagem (a palavra) da ideia (o gesto) (Zumbaiar, PE)

27/04 - Maratona de contação -  9h

Onde: Livraria Jaqueira

Entrada: Doação de material de higiene pessoal para ser doado ao Hospital do Câncer

9h -  Contos Daqui e Dacolá ( O Tapete Voador, PE)

10h - Retalho de Drummond (Os Tapetes Contadores de Histórias, RJ)

11h - Maletinha de Poesia (Fernanda Mélo, PE)

14h - Obax (Érica Verçosa, PE)

15h - Trecos e Cacarecos (Alicce Oliveira, MT)

16h - Hora do Conto (Verônica, PE)

17h - Contos com Origamis (Irene Tanabe, SP)

18h - Matulutulu (Cia Conto em Cantos, SP)

sábado, 30 de março de 2013

FACEBOOK NÃO É O LUGAR DE CRIANÇA!


8 motivos pelos quais o Facebook não é boa ideia para crianças

Por Felipe Pessoa em 26 março, 2012
O Brasil tem a maior taxa de crescimento no Facebook, com uma média de 10% a mais de novos usuários ao mês. Isso seria algo em torno de 20 milhões de pessoas que entram na rede social mais popular do planeta a cada 30 dias. Além do sucesso no Brasil, o Facebook já é um fenômeno mundial e, como quase qualquer tipo de moda, tem os seus problemas...
Por exemplo, o que dizer em caso de uma criança querer abrir sua própria conta no Facebook? Qual é a idade mínima recomendada? Adolescentes e crianças devem ser tratados igualmente? Enfim, são muitas perguntas e o OnSoftware selecionou oito razões para mostrar a você que o Facebook não é adequado para crianças. Confira:

1. Termos de Uso

Pouca gente sabe, mas os Termos de Uso do Facebook recomendam uma idade mínima para se usar a rede social:13 anos. Parece muito, pouco, adequado? Não existe um consenso na internet sobre tal questão. Entretanto, é sempre bom levar em consideração o tipo de conteúdo que pode ser acessado por uma criança.
É impossível tentar criar uma conta no Facebook e usar uma idade que seja inferior aos 13 anos: uma mensagem é exibida dizendo que a ação não pode ser processada. Se uma criança mentir a idade e cometer algum tipo de delito digital, as consequências podem ser gravíssimas, inclusive para os pais.

2. Encontros indesejáveis

Pode parecer um chavão, mas é fato: o Facebook confirma a Teoria dos Seis Graus de Separação. Em resumo, tal teoria declara que, ao redor do mundo, são necessários um máximo de seis laços de amizade para que duas pessoas estejam ligadas.
No Facebook, é possível ver a ação de amigos, de amigos de amigos, de amigos de amigos de amigos e, finalmente, de desconhecidos. Agora, lembra do velho conselho que a sua mãe repetia sem parar? "Nunca fale com estranhos!".
- Por que deixar que seus filhos falem com estranhos na internet?
- Será que as crianças sabem dizer "não" em redes sociais?
- Você gostaria que estranhos soubessem tudo o que os seus filhos fazem no Facebook e fora dele?
Reflita sobre isso.

3. Conteúdo Inapropriado

Diferentemente de buscadores e outras páginas de conteúdo, o Facebook não dispõe de ferramentas de controle parental. Portanto, é um território propício para que as crianças encontrem praticamente o que quiserem, seja porque realmente estão buscando ou por acaso.
Além das atividades de pessoas estranhas, pode-se encontrar facilmente páginas de fãs ou grupos semitas, violentos, sexuais, torcidas organizadas e etc. Os resultados podem ser perigosos para a formação da criança.

4. Gramática e ortografia: para quê?

Triste mas verdadeiro: a geração do SMS, das redes sociais e demais tribos cibernéticas têm uma linguagem praticamente própria. Só que tal linguagem é inimiga mortal da boa escrita e leitura. E, acredite, dá desespero ver como a molecada escreve hoje em dia... Sem dizer, claro, que os mestres da literatura cometeriam suicídio em massa se vivessem em nosso tempo.
Tanto a gramática como a ortografia são absolutamente massacradas no Facebook. Tais faltas irão parar nas provas do colégio, no vestibular, na universidade, no trabalho... Enfim: incentive a leitura em detrimento ao Facebook e suas crianças serão muito mais felizes - e criativas!

5. Os RHs do mundo inteiro estão no Facebook

Tá na moda escancarar a privacidade. Tanto faz se tem gente que você nunca viu na vida sabendo de assuntos estritamente pessoais: o negócio é ser popular, alegre e jamais ter problemas no Facebook. Ou, você conhece alguém que não seja 100% feliz em redes sociais?
Pois é... O problema é que isso anda tão exagerado que já existem pessoas e empresas de Recursos Humanos especializadas em vasculhar perfis de candidatos em redes sociais. E, acredite: se uma delas encontra um perfil que foi criado para uma criança, o resultado não será nada agradável...
Tais empresas já olham o histórico do Facebook de alguns candidatos em até 5 anos retroativos. E não só por conta das fotos em baladas e raves enlouquecidas ou bebedeiras monstro. Existem também as atualizações de status, as piadinhas sexistas, as fotos picantes... E não é exagero! Agora, imagine a pergunta de um entrevistador a um candidato numa entrevista de emprego: "Então, meu bom rapaz, quer dizer que você só abandonou as fraldas aos cinco anos de idade?". Que deselegante!

6. Tratamento de dados

Embora seja possível excluir completamente uma conta do Facebook e torná-la invisível, é praticamente impossível saber se estes dados estão seguros nos servidores da rede social. Recentemente, inclusive, uma notícia dava conta de que as fotos apagadas no Facebook podem ser acessadas por até três anos...
Melhor deixar isso para um adulto: uma criança não entende tais riscos e consequências - para elas, tudo isso é uma confusão enorme.

7. A vida de verdade é muito melhor

Uma criança tem coisas muito mais divertidas que fazer do que ficar no Facebook. Mesmo que seja nas grandes cidades, fechadas em seus condomínios semiabertos, brincar sempre foi muito mais divertido do que qualquer computador.
Procure centros cívicos, clubes de leitura, escoteiros mirins ou associações de bairro: lá, as crianças são muito mais felizes que no Facebook. Além disso, ficar muito tempo diante do monitor não faz bem para a vista.

8. Será que, quando adulto, seu filho vai querer ter um perfil no Facebook?

Pense na frente, no futuro e responda: qual é o principal motivo para você criar uma conta no Facebook para um bebê? Tem muita gente que já fez isso... Também tem muita gente que é "anti-facebook" - eu mesmo sou e minha filha também já começa a ser...
Um erro dos pais é decidir pelos filhos, acreditar que eles sabem o que é melhor para eles. Papo-furado: cada pessoa é diferente, inclusive os filhos. É muita pretensão da sua parte, pai ou mãe, acreditar que você vai decidir o que é bom para o rebentos. Então, cabe a eles escolher se querem ou não ter uma conta no Facebook.
Você concorda com estes pontos? Conhece outras razões? Compartilhe a sua opinião com a gente!
[Inspirado no OnSoftware FR]

segunda-feira, 25 de março de 2013

Segredos da aprendizagem da leitura

Seu aluno enfrenta problemas para aprender a ler? Ele conhece as letras do alfabeto? Sabe qual é o P, qual é o A, qual é o T e qual é o O, mas, quando você tenta levá-lo a juntar as letras para formar sílabas ou ao juntar sílabas para formar palavras, ele fica confuso e responde qualquer coisa que lhe vem à mente, menos PA - TO?
Ele não é a única criança que sofre dessa dificuldade. Sabemos que existem muitos fatores que podem levar um aluno a não conseguir juntar as letras ou sílabas, mas vamos nos demorar um pouco na importância das aquisições perceptivas, linguísticas e cognitivas necessárias para que ele chegue ao ponto da leitura bem-sucedida.

Aquisições visuais


Vítor da Fonseca, em seu livro Introdução às dificuldades de aprendizagem (Porto Alegre: Artmed, p. 174), afirma que “dentro dos fatores psiconeurológicos mais negligenciados no estudo das DA (Dificuldades de Aprendizagem), emergem as disfunções no processamento da informação auditiva e visual e na integração auditivovisual e visuoauditiva.” (grifo nosso)

No mesmo livro, na página 181, Fonseca aponta para a posição de Marianne Frostig, que afirma que, para a criança chegar ao nível da leitura, sua visão precisará ter estruturado uma hierarquia sensorial iniciada na primeira infância, atingindo os seguintes componentes:

(Imagem: )










 
Portanto, caso haja qualquer disfunção em algum desses componentes, a habilidade da criança para a leitura ficará comprometida.

Quando a criança começa a ler, “realiza cerca de 240 fixações oculares na leitura de um texto de 100 palavras. Mais tarde, quando a leitura é já automatizada, as fixações baixam para 80 (leitor de liceu)” (Ibid, p. 182). O autor continua dizendo que no início da leitura ela consegue compreender cerca de 75 palavras por minuto - no liceu, 298 por minuto. “As pré-aptidões em nível visual e em nível auditivo são fundamentais, daí o papel de privilegiá-las em programas e currículos escolares hierarquizados.” (Ibid, p. 182)

Aquisições auditivas 


Em 1979, Fonseca desenvolveu o diagnóstico das aquisições perceptivoauditivas (Dapa), que serve para identificar essas aquisições e detectar possíveis problemas na percepção auditiva. 

“As perturbações na percepção auditiva são frequentes nas crianças em idade escolar, independentemente da sua normal audição, das suas avaliações audiométricas normais e da sua conversação normal. Não basta uma audição normal em termos de aprendizagem e de evolução escolar adequada, convém atender ao processo de informação sensorial em todos os seus aspectos receptivos, integrativos e expressivos.” Idem, p. 188, 189. 

A seguir apresentamos o Diagnóstico das Aquisições Perceptivoauditivas (Dapa) conforme apresentado no livro já citado, nas páginas 188 a 192. O livro foi editado em português de Portugal; portanto, algumas palavras soam um pouco diferentes, mas o sentido é perfeitamente compreensível.

Diagnóstico das aquisições perceptivoauditivas (Dapa) 

Processo auditivo

“A identificação das áreas fortes e fracas, no processo da linguagem falada, pode prever a utilização de estratégias educacionais compatíveis e ajustadas às necessidades educacionais das crianças” (Ibid, p. 189). Vitor da Fonseca continua explicando que seu diagnóstico permite ao professor formular um planejamento capaz de perceber crianças com necessidade de uma “análise mais rigorosa das suas aquisições perceptivoauditivas” (Ibid, p. 189). Ele continua dizendo que esse diagnóstico pode ser aplicado a crianças a partir da pré-escola.
 
Aquisições linguísticas e cognitivas

Fonseca mostra a necessidade de o professor compreender o que é o processo da leitura. Como numa sentença matemática, ele sugere:

LEITURA = símbolo visual + símbolo auditivo + significado
    
“A complexidade da leitura é o resultado da combinação de inúmeras aptidões que traduzem a hierarquia do desenvolvimento da linguagem. [...] Para aprender a ler a criança necessita de descodificar as letras impressas utilizando um processo cognitivo que permite traduzi-las em termos de linguagem falada e em termos de significação linguística” (Ibid, p. 345).

À página 176, Fonseca apresenta esta lista de aquisições que o cérebro reclama para que o sujeito seja capaz de ler:

  • Controle postural e da atenção;
  • Seguimento de orientações e direções visuoespaciais (de cima para baixo em termos de linhas horizontais e da esquerda para a direita em termos de descodificação e sequencialização de letras e palavras;
  • Memória auditiva;
  • Sequencialização e ordenação fonética;
  • Aquisições para descodificar palavras (word attack skills - “ataque” de palavras);
  • Análise estrutural da linguagem;
  • Síntese lógica e interpretação da linguagem;
  • Desenvolvimento do vocabulário;
  • Expansão e generalização léxica;
  • Aquisições de escrutínio e de referenciação léxicossintática.

Isso não acontece da noite para o dia. Requer “um longo tempo de aprendizagem e de automatização” (Ibid, p. 176). 

À página 202 do mesmo livro, Fonseca apresenta um modelo em cascata da hierarquia da linguagem, da autoria de Myklebust, que reproduzimos abaixo. Com isso, finalizamos nosso estudo, na esperança de ter contribuído para o leitor compreender melhor os “segredos” por trás da aprendizagem da leitura. 



FONTE:http://www.educacaoadventista.org.br

(Imagem: )

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Carnaval Educativo

O Carnaval na escola  este ano foi muito legal. As turmas do Fundamental I do Colégio Divino Mestre trabalharam com marchinhas educativas.
Minha turminha do 1º ano, apresentou o "Bloco do Xixi"

Foi muito interessante, as crianças se divertiram com a letra e a coreografia, sem falar no depoimento dos pais dizendo que eles chegaram em casa dizendo que não podia fazer xixi na rua.
Fizemos o estandarte do bloco, mostrei a eles fotos de alguns estandartes e fui sondando como eles haviam percebido os elementos, então as ideias foram aparecendo:

_  Tem que ter um desenho!
_ Tem que ser muito colorido e ter coisas do carnaval!

Essa parte foi muito interessante porque Matheus discordou:

_ Não! A tia mostrou um de futebol e não tinha coisas de carnaval!

Concordei com ele, mas disse que como o estandarte era pro nosso bloco de carnaval iríamos usar "coisas do carnaval". Por fim perceberam que também tínhamos que fazer o nome do bloco. Samara deu a sugestão e todos aprovaram: "Bloco do Xixi".


Os pequenos confeccionando o estandarte. Cada um colaborou um pouquinho. Utilizamos o alfabeto móvel para escrever o nome do bloco, depois o Leo escreveu "bem grande" e colorido na parte de cima do estandarte. 



No auditório o "Bloco do Xixi" passou sua mensagem. Foi muito legal!!!

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

A IMPORTÂNCIA DA CONDUTA DO PROFESSOR



Este assunto é muito sério!!!
Sabemos que ser professor nos dias atuais é muito diferente do que era há alguns anos atrás, muitos profissionais da educação se dizem desgastados, desmotivados e desesperançosos com a docência, isso mesmo aqueles que dizem ter escolhido a profissão por amor. 
Contudo, precisamos ter bastante cautela para não transmitir toda essa insatisfação a nossos alunos, sobretudo quando estes necessitam ser auxiliados. ZILIOTTO fala sobre a importância da conduta do professor frente as dificuldades dos alunos:


A conduta do professor em relação ao aluno será determinante para o autoconceito da criança, pois os sentimentos que um aluno tem sobre si mesmo dependem, em grande parte, dos componentes que percebe que o professor mantém em relação a ela. Uma atitude continuada e consciente de alta expectativa sobre o êxito de um aluno potencializa sua confiança em si mesmo, reduz a ansiedade diante do fracasso e facilita resultados acadêmicos positivos.
  
(ZIOTTO, Gisele Sotta. Fundamentos psicológicos e biológicos das necessidades especiais.  Ed. IBPEX.Curitiba - 2007).

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Férias são tão importantes para o aprendizado das crianças quanto a escola


Ter um tempo livre para brincar é essencial para as crianças assimilarem o conteúdo visto ao longo do ano letivo, além disso, aumenta a disposição para aprender novas informações

Andressa Basilio

  shutterstock
Pesquisa mostra que pausa nos estudo ajuda no desenvolvimento cognitivo das crianças
Dormir até mais tarde, fazer passeios diferentes, se divertir com um monte de brincadeiras. Essas são uma das melhores coisas das férias. Mas, além de descanso e diversão, esse período pode ser muito benéfico para o desenvolvimento social, emocional e cognitivo da criança, como mostrou um novo estudo feito pela Academia Norte-Americana de Pediatria (AAP). 

Após cinco anos acompanhando de perto a rotina de escolas espalhadas pelos Estados Unidos, os pesquisadores chegaram à conclusão de que deveria haver um intervalo maior entre uma aula e outra, já que essas pequenas pausas entre as aulas e as maiores entre os semestres, ou seja, as férias, são essenciais para preparar a criança para novos conteúdos, além de deixar seu filho mais disposto para o aprendizado na volta às aulas. Apesar de não definir um período de tempo ou número de pausas, a Academia pede que mais estudos sejam feitos nessa área para que haja uma conclusão mais específica. 

De acordo com os pesquisadores, o intervalo melhora a concentração para a próxima aula, enquanto as férias ajudam na sedimentação do conteúdo pelo cérebro da criança. É claro que elas podem esquecer alguns conceitos mais específicos, mas, segundo os cientistas, muitas das informações aprendidas ao longo do ano ficam mais claras por meio das brincadeiras. 

“Durante as férias, as crianças montam um quebra-cabeça de tudo aquilo que elas aprenderam na escola”, diz a psicóloga Nívea Fabrício, diretora pedagógica do Colégio Graphe (SP), que ao longo de mais de 35 anos fez uma pesquisa observacional sobre o tema. “Eu percebo que elas voltam mais amadurecidas. Aquela que é mais tímida, fica mais falante, a que tem dificuldade em matemática, vem mais disposta para aprender a matéria.” Ou seja, as férias também ajudam no desenvolvimento da criança – e isso faz com que ela consiga se concentrar e aprender mais. 
Dormir até mais tarde, fazer passeios diferentes, se divertir com um monte de brincadeiras. Essas são uma das melhores coisas das férias. Mas, além de descanso e diversão, esse período pode ser muito benéfico para o desenvolvimento social, emocional e cognitivo da criança, como mostrou um novo estudo feito pela Academia Norte-Americana de Pediatria (AAP). 

Após cinco anos acompanhando de perto a rotina de escolas espalhadas pelos Estados Unidos, os pesquisadores chegaram à conclusão de que deveria haver um intervalo maior entre uma aula e outra, já que essas pequenas pausas entre as aulas e as maiores entre os semestres, ou seja, as férias, são essenciais para preparar a criança para novos conteúdos, além de deixar seu filho mais disposto para o aprendizado na volta às aulas. Apesar de não definir um período de tempo ou número de pausas, a Academia pede que mais estudos sejam feitos nessa área para que haja uma conclusão mais específica. 

De acordo com os pesquisadores, o intervalo melhora a concentração para a próxima aula, enquanto as férias ajudam na sedimentação do conteúdo pelo cérebro da criança. É claro que elas podem esquecer alguns conceitos mais específicos, mas, segundo os cientistas, muitas das informações aprendidas ao longo do ano ficam mais claras por meio das brincadeiras. 

“Durante as férias, as crianças montam um quebra-cabeça de tudo aquilo que elas aprenderam na escola”, diz a psicóloga Nívea Fabrício, diretora pedagógica do Colégio Graphe (SP), que ao longo de mais de 35 anos fez uma pesquisa observacional sobre o tema. “Eu percebo que elas voltam mais amadurecidas. Aquela que é mais tímida, fica mais falante, a que tem dificuldade em matemática, vem mais disposta para aprender a matéria.” Ou seja, as férias também ajudam no desenvolvimento da criança – e isso faz com que ela consiga se concentrar e aprender mais. 


É muita informação 

O responsável por isso é o subconsciente. Muito mais do que acontece com adultos, o subconsciente das crianças age como uma verdadeira esponja, absorvendo as informações que ela ouve e vive. É dentro dele que as coisas vão se elaborando e as peças se juntam. Mas, para que isso aconteça, a cabeça precisa de tempo, de descanso. 

Segundo o pediatra Ricardo Halpern, presidente do departamento científico de pediatria do comportamento e desenvolvimento da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), as crianças recebem dois tipos de informação no dia a dia: a cristalizada, que vem da sala de aula, e a fluída ou informal, derivada de todas as outras atividades em contato com a criança ao longo do dia. 

“As crianças recebem um conjunto de informações que elas não conseguem colocar em prática se não tiver um tempo livre para isso. E as férias são o momento ideal”, explica o especialista, que completa: “O brincar livre, sem horário para terminar é muito importante e altamente estimulante. É nessa hora que a criança consegue criar, aplicar o conhecimento, extrapolar o que está aprendendo na escola sem um compromisso ou pressão.” 

Por isso, o alerta dos especialistas pede o bom senso dos pais. Mesmo quando as crianças não estão de férias, é muito importante que elas dediquem parte do seu dia ao descanso mental e às brincadeiras que desejarem. “Escola, inglês, futebol... uma agenda cheia de atividades no dia pode sobrecarregar e levar ao estresse. Além disso, é importante os pais perguntarem aos filhos sobre o que eles realmente desejam fazer”, recomenda Halpern.
  shutterstock




Férias só para as crianças
Pode ter certeza que as melhores férias para os seus filhos são aquelas nas quais você está junto com eles. Mas, se você não conseguiu conciliar seu tempo de descanso com o do seu filho ou que teve de voltar ao trabalho semanas antes das aulas dele começarem, vai gostar de saber que os processos cognitivos da criança trabalham sem parar mesmo que ela fique em casa. Isso significa que passar o dia ocioso também estimula o aprendizado. 

Só não vale liberar o videogame e a televisão o dia todo, o ideal é que seu filho diversifique as atividades, que podem ser a leitura de um livro, um filme no cinema ou um passeio no parque. 
Quem quer deixar as crianças mais ativas nas férias e não pode recorrer aos avós, tios ou babás, existem alternativas. Combinar férias revezadas com amigos que também têm filhos pode ser bacana para o entretenimento não parar. Se as crianças forem maiores, as oficinas de arte ou cursos rápidos podem ser boas opções. Já para as crianças da educação infantil, muitas escolas disponibilizam os chamados cursos de férias, com atividades leves e variadas. 

No entanto, existe uma premissa básica para um curso de férias, que o diferencia das demais tarefas realizadas pela criança em um ambiente escolar. “Ao longo do ano letivo, a criança precisa fazer as atividades propostas. O curso de férias não pode ter esse caráter obrigatório. Ele tem de ser leve, se diferenciar da rotina da criança”, explica a coordenadora pedagógica Rosa Maria Cavalcanti, do Colégio Brasil Canadá (SP), que oferece esse tipo de curso. “Se uma criança quiser ficar no parquinho em vez de ir para a aula de culinária, por exemplo, ela pode. É livre para brincar como quiser.” Como deve ser as férias, não é mesmo? 
FONTE:http://revistacrescer.globo.com

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

A reinvenção da alfabetização (Magda Soares)

Durante algum tempo, encantada com as possibilidades que o viés construtivista oferecia, acreditei que essa coisa do b a bá estava realmente se extinguindo, mas neste curso específico sobre alfabetização que estou fazendo tenho visto que não é bem assim e que precisamos ter muito cuidado ao extinguir o que é dito
tradicional, nem tudo deve ir pro lixo!





A reinvenção da alfabetização
Magda Soares*

Vou tentar aqui defender a especificidade da alfabetização e a sua importância na escola, ao
lado do letramento.
O que poderíamos chamar de acesso ao mundo da escrita – num sentido amplo – é o processo
de um indivíduo entrar nesse mundo, e isso se faz basicamente por duas vias: uma, através do
aprendizado de uma "técnica". Chamo a escrita de técnica, pois aprender a ler e a escrever
envolve relacionar sons com letras, fonemas com grafemas, para codificar ou para decodificar.
Envolve, também, aprender a segurar um lápis, aprender que se escreve de cima para baixo e
da esquerda para a direita; enfim, envolve uma série de aspectos que chamo de técnicos. Essa
é, então, uma porta de entrada indispensável.
A outra via, ou porta de entrada, consiste em desenvolver as práticas de uso dessa técnica. Não
adianta aprender uma técnica e não saber usá-la. Podemos perfeitamente aprender para que
serve cada botão de um forno de microondas, mas ficar sem saber usá-lo. Essas duas
aprendizagens – aprender a técnica, o código (decodificar, usar o papel, usar o lápis etc.) e
aprender também a usar isso nas práticas sociais, as mais variadas, que exigem o uso de tal
técnica – constituem dois processos, e um não está antes do outro. São processos simultâneos e
interdependentes pois todos sabem que a melhor maneira para aprender a usar um forno de
microondas é aprender a tecnologia com o próprio uso. Ao se aprender uma coisa, passa-se a
aprender a outra. São, na verdade, processos indissociáveis, mas diferentes, em termos de
processos cognitivos e de produtos, como também são diferentes os processos da alfabetização
e do letramento.
Que significa isso? Significa que a alfabetização, aprendizagem da técnica, domínio do código
convencional da leitura e da escrita e das relações fonema/grafema, do uso dos instrumentos
com os quais se escreve, não é pré-requisito para o letramento.
Não é preciso primeiro aprender a técnica para depois aprender a usá-la. E isso se fez durante
muito tempo na escola: "primeiro você aprende a ler e a escrever, depois você vai ler aqueles
livrinhos lá". Esse é um engano sério, porque as duas aprendizagens se fazem ao mesmo
tempo, uma não é pré-requisito da outra.
Mas, por outro lado, se a alfabetização é uma parte constituinte da prática da leitura e da escrita,
ela tem uma especificidade, que não pode ser desprezada. É a esse desprezo que chamo de
"desinventar" a alfabetização. É abandonar, esquecer, desprezar a especificidade do processo
de alfabetização. A alfabetização é algo que deveria ser ensinado de forma sistemática, ela não
deve ficar diluída no processo de letramento. Acredito que essa é uma das principais causas do
que vemos acontecer hoje: a precariedade do domínio da leitura e da escrita pelos alunos.
Estamos tendo a prova disso através das avaliações nacionais. O último SAEB mostrou um
resultado terrível: aproximadamente 33% dos alunos com quatro anos de escolaridade ainda são
analfabetos.
Quais são as causas dessa perda da especificidade da alfabetização? É muito difícil analisar os
fatos recentes, por um lado, por estarmos participando do processo; por outro, temos de fazê-la
porque a questão é grave. Não podemos deixar esses milhões de alunos, crianças e jovens,
saírem da escola semi-alfabetizados, quando não saem analfabetos.
O que poderíamos levantar como hipótese? Primeiro, uma concepção de alfabetização que,
coincidentemente, chegou ao País na mesma época que o conceito de letramento, nos anos 80;
segundo, uma nova organização do tempo da escola, que consiste na divisão em ciclos,
trazendo junto a questão da progressão continuada – da não-reprovação.
Essa concepção de alfabetização está, de certa maneira, associada ao construtivismo. Não
estou afirmando que essa concepção seja errada, mas a maneira como ela se difundiu no
sistema é que pode ser uma das causas da perda de especificidade do processo de
alfabetização. A mudança conceitual que veio dos anos 80 fez com que o processo de
construção da escrita pela criança passasse a ser feito pela sua interação com o objeto de
conhecimento. Interagindo com a escrita, a criança vai construindo o seu conhecimento, vai
construindo hipóteses a respeito da escrita e, com isso, vai aprendendo a ler e a escrever numa
descoberta progressiva.
O problema é que, atrelada a essa mudança de concepção, veio a idéia de que não seria preciso
haver método de alfabetização. A proposta construtivista é justa, pois é assim mesmo que as
pessoas aprendem, não apenas a ler e escrever, mas é assim que se aprende qualquer coisa:
interagindo com o objeto de conhecimento. Mas os métodos viraram palavrões. Ninguém podia
mais falar em método fônico, método silábico, método global, pois todos eles caíram no
purgatório, se não no inferno. Isso foi uma conseqüência errônea dessa mudança de concepção
de alfabetização. Por equívocos e por inferências falsas, passou-se a ignorar ou a menosprezar
a especificidade da aquisição da técnica da escrita. Codificar e decodificar viraram nomes feios.
"Ah, mas que absurdo! Aprender a ler e escrever não é aprender a codificar e decodificar".
Aí é que está o erro. Ninguém aprende a ler e a escrever se não aprender relações entre
fonemas e grafemas – para codificar e para decodificar. Isso é uma parte específica do processo
de aprender a ler e a escrever. Lingüisticamente, ler e escrever é aprender a codificar e a
decodificar.
Esse modo de ver as coisas fez com que o processo de ensinar a ler e escrever como técnica
ficasse desprestigiado. As alfabetizadoras que ficam pelejando com os meninos para eles
aprenderem a ler e escrever são vistas como retrógradas e ultrapassadas. Mas, na verdade, elas
estão ensinando aquilo que é preciso ensinar: codificar e decodificar. As alfabetizadoras podem
até estar ensinando pelos caminhos inadequados, mas isso precisa ser feito.
Nas concepções anteriores, as alfabetizadoras tinham um método – fosse esse ou aquele – que
vinha concretizado na chamada cartilha, acompanhado de um manual do professor (da
alfabetizadora) dizendo detalhadamente o que ela deveria fazer. Não estou discutindo a
impropriedade dos fundamentos dessa cartilha, seja do ponto de vista lingüístico, seja do ponto
de vista da própria escrita, dos gêneros de escrita, do tipo de texto etc. Mas era isso que as
professoras tinham. Não tinham uma teoria, porque aquele método era tudo: se adotassem o
silábico, mantinham-se no silábico, pois não tinham uma teoria lingüística ou psicológica que
justificasse ser aquele o melhor método ou aquela a melhor seqüência de aprendizado. A
verdade era exclusivamente o que dizia a cartilha. Havia um método, mas não uma teoria. Hoje
acontece o contrário: todos têm uma bela teoria construtivista da alfabetização, mas não têm
método. Se antigamente havia método sem teoria, hoje temos uma teoria sem método. E é
preciso ter as duas coisas: um método fundamentado numa teoria e uma teoria que produza um
método.
Existe também a falsa inferência de que, se for adotada uma teoria construtivista, não se pode
ter método, como se os dois fossem incompatíveis. Ora, absurdo é não ter método na educação.
Educação é, por definição, um processo dirigido a objetivos. Só vamos educar os outros se
quisermos que eles fiquem diferentes, pois educar é um processo de transformação das
pessoas. Se existem objetivos, temos de caminhar para eles e, para isso, temos de saber qual é
o melhor caminho. Então, de qualquer teoria educacional tem de derivar um método que dê um
caminho ao professor. É uma falsa inferência achar que a teoria construtivista não pode ter
método assim como é falso o pressuposto de que a criança vai aprender a ler e escrever só pelo
convívio com textos. O ambiente alfabetizador não é suficiente.
Minha hipótese é a seguinte: o construtivismo – aliás, o construtivismo constitui uma teoria mais
complexa do que a que está presente no senso comum – nos trouxe algo que não sabíamos.
Permitiu-nos saber que os passos da criança, em sua interação com a escrita, são dados numa
direção que permite a ela descobrir que escrever é registrar sons e não coisas. Então, a criança
vai viver um processo de descoberta: escrevemos em nossa língua portuguesa e em outras
línguas de alfabeto fonético registrando o som das palavras e não aquilo a que as palavras se
referem. A partir daí a criança vai passar a escrever abstratamente, colocando no papel as letras
que ela conhece, numa tentativa de, realmente, escrever "casa", sem o recurso de utilizar
desenhos para dizer aquilo que quer. Então, depois que a criança passa pela fase silábica para
registrar o som (o som que ela percebe primeiro é a sílaba), ela vai perceber o som do fonema e
chega o momento em que ela se torna alfabética.
Esse foi um grande esclarecimento proporcionado pelo construtivismo. Só que, quando a criança
se torna alfabética, está na hora de começar a entrar no processo de alfabetização, de aprender
a ler e a escrever. Por quê? Porque quando se torna alfabética, surge o problema da
apropriação, por parte da criança, do sistema alfabético e do sistema ortográfico de escrita, os
quais são sistemas convencionais constituídos de regras que, em grande parte, não têm
fundamento lógico algum. E a criança tem de aprender isso. Ela tem de passar por um processo
sistemático e progressivo de aprendizagem desse sistema. Nesse campo, a grande colaboração
é da Lingüística, ao tratar das relações entre sistema fonológico e sistema ortográfico. Assim
podemos determinar qual é o melhor caminho para a criança se apropriar desses sistemas e de
suas relações.
É a isso que eu chamo da especificidade do processo de alfabetização. Não basta que a criança
esteja convivendo com muito material escrito, é preciso orientá-la sistemática e
progressivamente para que possa se apropriar do sistema de escrita. Isso é feito junto com o
letramento. Mas, em primeiro lugar, isso não é feito com os textos 'acartilhados' – "a vaca voa,
ivo viu a uva" –, mas com textos reais, com livros etc. Assim é que se vai, a partir desse material
e sobre ele, desenvolver um processo sistemático de aprendizagem da leitura e da escrita.
Essa aprendizagem não está acontecendo. Visito muitas escolas e tenho visto o que está de fato
acontecendo. Além disso, venho acompanhando nos testes – SIMAVE, SAEB e outros – o
fracasso, a falta de orientação sistemática da criança para se apropriar do sistema de escrita.
Quando digo que se "desinventou" a alfabetização, é a essa falta de especificidade da
alfabetização que me refiro. Um sistema convencional tem de ser aprendido de forma
sistemática. Desde que a criança tenha descoberto que o sistema é alfabético, está apta a
aprender esse sistema. E acaba aprendendo porque, felizmente, criança é bastante esperta. Mas
ela leva muito mais tempo para aprender, e enfrenta muito mais dificuldades, se deixarmos que o
processo ocorra de maneira aleatória e esparsa.
A Lingüística fornece elementos para se saber como devem ser trabalhadas essas
correspondências fonema/grafema com a criança. Quando isso não é observado, o resultado é o
fracasso em alfabetização, sob nova vestimenta. Não estou dizendo que o fracasso de agora
seja novidade, pois sempre tivemos fracassos em alfabetização. Antes, a criança repetia a
mesma série por até quatro vezes e havia o problema da evasão. Agora, e talvez isso seja mais
grave, a criança chega à 4a série analfabeta.
E por que talvez isso seja mais grave? Porque, quando a criança repetia o ano – pois tínhamos
métodos que não estavam fundamentados em teorias psicológicas, psicolingüísticas nem
lingüísticas –ela não aprendia. Então ela repetia, mas, pelo menos, ficava claro para ela que
havia o "não sei". Agora, ela chega à 8a série, pensa que tem um nível de Ensino Fundamental e
não tem. Na minha opinião, os alunos, os pais desses alunos e a sociedade estão sendo
desrespeitados. Estamos iludindo-os ao dizer que essas crianças e esses jovens estão
aprendendo a ler e a escrever, quando na verdade não estão.
Tratemos agora da reinvenção da alfabetização. À primeira vista, essa reinvenção pode parecer
uma esperança, mas não é propriamente a solução do problema. Entendo-a como um
movimento que tenta recuperar a especificidade do processo de alfabetização. Agora, mais que
nunca, temos que ficar de olhos abertos para saber como esse movimento está sendo feito e em
que direção ele está sendo feito.
Considero que nós estamos vivendo, na área de alfabetização, um momento grave. Primeiro, por
causa do fracasso que aí está, gritante, diante de nós. Não é possível continuar dessa forma.
Segundo, porque estão aparecendo tentativas, em princípio muito bem-vindas, de recuperar a
especificidade da alfabetização, mas é bom vermos qual caminho vão tomar.
Vamos lembrar a conhecida "teoria da curvatura da vara", muito em voga nos anos 70. Se temos
uma vara encurvada e queremos que ela fique reta, curvamos a vara para o lado contrário para
que ela fique depois na posição vertical. Isso é uma metáfora para mostrar um movimento que
acontece com freqüência – se não sempre – na educação. Fomos para o lado do construtivismo,
nada de método etc, depois vimos que não é nada disso. A tendência pode ser curvar a vara
para o outro lado, à espera de que ela fique reta. Mas é preciso saber se é isso mesmo o que
teria de ser feito. É preciso saber o que significa esse “curvar para o outro lado”. Pode significar
voltar ao antigo – e é o que tem acontecido. As pessoas dizem: "Ah isso não funciona, e os
meninos não estão aprendendo a ler e a escrever, então vou voltar àquele meu velho método
silábico, alfabetizar na cartilha, porque tudo corria muito bem..."
Entretanto, voltar para o que já foi superado não significa que estamos avançando. Avançamos
quando acumulamos o que aprendemos com o passado, juntando a ele as novidades que o
presente traz. Estamos no momento crítico desse avanço. As pessoas estão insatisfeitas com o
construtivismo, as denúncias já estão sendo feitas e começam a surgir iniciativas no sentido de
corrigir essa situação.
Estamos na fase de reinvenção da alfabetização. A revista Educação do ano passado, cuja
chamada de capa é Guerra de Letras, diz: "Adversários do construtivismo garantem que o antigo
método fônico é mais eficaz no processo de alfabetização". Esse é um sinal que indica um
momento de reinvenção da alfabetização. Um outro sinal é um texto da revista Ensaio, de abril
de 2002, que traz um artigo com o seguinte título: "Construtivismo e alfabetização: um
casamento que não deu certo".
O que considero preocupante, porém, é que esse movimento está indo em direção ao método
fônico. Por quê? Para corrigir os problemas que estamos enfrentando, será que a solução é
voltar a usar esse método? Por que essa ênfase no fônico? Quando falo em método fônico,
refiro-me àquele método do 'casado', em que vinha uma letra de um lado e casava com a letra
de outro lado, como aquelas antigas cartilhas fônicas. Mas certamente não é disso que os
especialistas estão falando: o que se pretende é voltar a orientar as crianças na construção das
relações fonema / grafema.
Nos Estados Unidos houve também o movimento do construtivismo, que lá chamavam de whole
language, ou seja, língua total. Ele consistia em fazer o aluno conviver de maneira total com a
língua. Essa foi a tradução da orientação construtivista nos Estados Unidos, e os resultados
foram os mesmos: as crianças não estavam aprendendo a ler e escrever. O país se apavorou e
o governo central encarregou um grupo de cientistas de fazer um levantamento das pesquisas
produzidas até então no país a respeito da alfabetização, na tentativa de se descobrir como
resolver o problema. O relatório, chamado de Reading Panel, ou "Painel da Leitura", analisou
aproximadamente 1.800 pesquisas a respeito da alfabetização feitas naquele país. Os autores
chegaram à conclusão de que as crianças aprendem quando se trabalham sistematicamente as
relações fonema / grafema. Ou seja, é a aprendizagem do sistema de escrita, aquilo que chamo
alfabetização na sua especificidade. Houve, então, uma determinação que causou impacto:
todos teriam de ensinar o que eles chamam de fonics.
Se fôssemos traduzir para o português, seria alguma coisa como "fonismo", um substantivo.
Usamos fônico como adjetivo, mas não temos um substantivo para esse adjetivo fônico. O que
os especialistas americanos defenderam é que era necessário alfabetizar trabalhando-se as
relações fonema / grafema. Eles não estabelecem método, eles estabelecem os princípios. A
escola que busque o método, desde que esse método trabalhe a aquisição do sistema alfabético
e ortográfico, o chamado fonics. A tendência que se tem fortalecido naquele país é a de retomar
os trabalhos na linha das relações fonema / grafema. É a retomada da aquisição do sistema
alfabético e ortográfico pela criança nas suas relações com o sistema fonológico. Esta é a
tecnologia da alfabetização que eles pretendem aplicar.
E não foram só os EUA que fizeram isso. Na França aconteceu a mesma coisa. Neste pais, um
órgão chamado Observatório Nacional da Leitura fez um estudo da alfabetização e chegou à
conclusão de que é necessário trabalhar na linha do fônico, mas não no método antigo.
Inglaterra e Canadá também chegaram à mesma conclusão. É importante saber o que vem
acontecendo em outros países para não acharmos que estamos fazendo bobagem. Todos
estavam enfrentando esse problema, e os países que se preocuparam com essa questão foram
na mesma direção, qual seja, insistir na especificidade da alfabetização como aprendizado do
sistema alfabético / ortográfico e nas suas relações com o sistema fonológico.
No Congresso Nacional formou-se uma equipe, da qual não faço parte, para estudar o problema
da alfabetização, levando em conta a literatura científica e a experiência internacional sobre o
tema. Este fato já é um indicador muito significativo. Uma vez pronto o relatório dessa equipe,
haverá um ciclo de debates na Câmara dos Deputados, na segunda quinzena de agosto do
corrente ano, o que significa que teremos alguma novidade nessa área da alfabetização
No início de minha exposição, levantei algumas questões polêmicas, algumas preocupações e
dificuldades. Para terminar, proponho uma reflexão sobre o risco de reinventarmos a
alfabetização. Embora ela esteja mesmo precisando ser reinventada e seja preciso recuperar
sua especificidade, não podemos voltar ao que já foi superado. A mudança não deve ser um
retrocesso, mas um avanço.
*Professora emérita da UFMG.
Parte de palestra proferida na FAE UFMG, em 26/05/2003, na programação "Sexta na Pós".
Transcrição e edição de José Miguel Teixeira de Carvalho e Graça Paulino.
Referências bibliográficas
CAPOVILLA, Alessandra & CAPOVILLA, Fernando. Alfabetização e método fônico.
São Paulo: Mnemom, 2001
OLIVEIRA, João Batista Araújo. ABC da alfabetização. Belo Horizonte: Alfaeducativa,
2002
SCLIAR-CABRAL, Leonor. Princípios do sistema alfabético de português do Brasil.
São Paulo: contexto, 2003.
________________________ Guia Prático de alfabetização. São Paulo: Contexto,2003
in Revista Presença Pedagógica (Julho/Agosto 2003) retirado de
http://www.editoradimensao.com.br/revistas/revista52_trecho.htm
SOARES, Magda. A reinvenção da alfabetização. Disponível em
http://www.meb.org.br/biblioteca/artigomagdasoares. Acesso em: 3 mar. 2006